Cruz da primeira missa do Brasil visita Maricá em celebração histórica
Maricá viveu neste sábado (19) um marco de sua história religiosa e cultural ao receber, pela primeira vez, a cruz utilizada na primeira missa celebrada no Brasil em 26 de abril de 1500. O objeto, considerado sagrado, fez parte de três momentos distintos na cidade: passou pela Lagoa de Araçatiba, local de um milagre atribuído a São José de Anchieta; esteve no Convento das Irmãs de Nossa Senhora do Bom Conselho, no Centro; e na Fazenda Pública Municipal Joaquín Piñero, no bairro Espraiado.
A passagem da cruz por Maricá integra a primeira edição da Peregrinação da Cruz, em comemoração aos 525 anos da primeira missa no Brasil. Essa é apenas a terceira vez que o objeto visita o território brasileiro. A primeira ocorreu no ano de 1500, em Porto Seguro (BA), quando os portugueses chegaram ao país. A segunda foi em 1960, durante a inauguração de Brasília.
A primeira parada em Maricá foi na Lagoa de Araçatiba, na área central da cidade, onde foi realizada uma cerimônia religiosa conduzida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Niterói, Dom Geraldo de Paula Souza. O ato aconteceu ao lado do espaço onde anteriormente havia um monumento dedicado a São José de Anchieta. Estiveram presentes autoridades municipais, religiosos e representantes da sociedade civil, incluindo o reitor do Santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo.
“Estamos recebendo esse presente de ter a cruz aqui, iluminando ainda mais a nossa Semana Santa. Esse momento carrega um profundo simbolismo para o nosso município, que tem um elo direto com a trajetória de São José de Anchieta”, declarou o vice-prefeito João Maurício de Freitas.
Homenagem a Anchieta e fortalecimento do turismo religioso
Durante a celebração, o padre Omar Raposo reforçou a importância de Maricá no roteiro da peregrinação. “Maricá faz parte desse nosso roteiro porque temos um personagem muito importante para a história do Brasil, São José de Anchieta, que fez um de seus milagres aqui na Lagoa de Araçatiba. A visita da cruz é um marco de desenvolvimento e que certamente vai potencializar a economia da cidade ainda mais, além de ajudar na internacionalização do município.”
O secretário executivo de Gestão de Governo, Arlen Pereira, anunciou a instalação de um novo monumento em homenagem a São José de Anchieta na Orla de Araçatiba, substituindo a antiga estátua retirada do local. “O prefeito Washington Quaquá já nos revelou que, em breve, teremos um novo monumento aqui”, disse.
Após a cerimônia na lagoa, a cruz foi levada ao Convento das Irmãs de Nossa Senhora do Bom Conselho, onde uma nova celebração ocorreu na capela do instituto. Freiras e moradores participaram do momento de oração. O último ponto da visita foi a Fazenda Pública Municipal Joaquín Piñero, no Espraiado.
Romaria histórica percorre cidades do Brasil e de Portugal
A peregrinação da cruz integra o evento “Brasil com Fé – 525 anos da Primeira Missa no Brasil, Terra de Santa Cruz”. O objeto religioso é conservado na Sé de Braga, igreja mais antiga da Península Ibérica. Antes de chegar ao Brasil, a cruz passou pelas cidades portuguesas de Fátima, Cascais, Almada e Lisboa. Em solo brasileiro, esteve em Cachoeira Paulista, Aparecida e Guaratinguetá (SP), além de Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ), antes de seguir para Maricá.
A próxima etapa da peregrinação inclui visitas a Brasília, Belém e Salvador. Em 26 de abril, data exata dos 525 anos da primeira missa, o objeto será levado a Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, na Bahia, locais históricos onde ocorreu a cerimônia original celebrada pelos portugueses. No dia seguinte, a cruz retorna a Portugal.
O milagre da pesca e a fé em Anchieta
A visita da cruz a Maricá ganhou significado especial por sua ligação com São José de Anchieta, canonizado em 2014 pelo Papa Francisco. Um dos milagres atribuídos ao santo teria ocorrido na Lagoa de Araçatiba, há mais de quatro séculos. Segundo relatos, indígenas relataram a Anchieta a escassez de peixes no local. O padre, então, teria indicado onde deveriam lançar suas redes. A pesca foi tão farta e variada que exigiu um grande esforço da comunidade para salgar os peixes e garantir sua conservação.
Esse episódio reforça a fé local no legado do santo e fortalece a identidade histórica e religiosa da cidade, agora marcada pela passagem da cruz da primeira missa do Brasil.
Fotos Bernardo Gomes
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